domingo, 29 de setembro de 2013

Crítica: O Grande Gatsby (The Great Gatsby, 2013)

Direção: Baz Lurhmann
Roteiro: Baz Lurhmann, Craig Pearce
Com: Tobey Maguire, Leonardo DiCaprio e Carrey Mulligan






  ''O Grande Gatsby'' de Baz Lurhman é a terceira adaptação da grande obra-literária americana de Fitzgerald (que não li), e mesmo sem tido visto os outros dois filmes, posso dizer que talvez, essa seja de longe, a melhor. Diante de uma direção impecável (mesmo com pequenos tropeços), o novo longa consegue oscilar muito bem entre uma história divertida, tensa e romântica. Uma experiência memorável, é o que pode definir ''O Grande Gatsby'', ainda contando com um elenco espetacular, e excelentes aspectos técnicos. O filme consegue não só ser muito competente narrativamente falando, como também lindo visualmente, e se torna então, um dos melhores de 2013.


  O grande diretor Baz Lurhman, que esteve atrás das câmeras de ''Moulin Rouge'', mesmo que alguns equívocos (o início do filme não é tão bom, pelo excesso do exagero, com uma montagem muito lenta e decisões muito duvidosas) consegue tornar a experiência muito divertida. Utilizando uma montagem dinâmica (algo não visto no início), o filme se torna rápido e em nenhum momento cansativo, fazendo com que o espectador não tire o olho da tela. O diretor consegue muito bem conferir um ar de mistério nos personagens, não sabemos direito que eles são, não temos uma opinião formada sobre eles. Isso ocorre é claro pelo talento de Lurhman, tomando decisões interessantíssimas como em mostrar instantes em que Gatsby está sozinho e sua expressão quando vê que estão vendo ele, assim conseguimos ver quem  realmente é.


  No primeiro ato, temos cenas de festas e farras, todas excelentes, o diretor aposta em uma montagem rápida, o que torna a experiência divertidíssima. Mas obviamente, a direção de arte contribui magistralmente para essas cenas.  Mesmo que as vezes a maquiagem falhe em ser muito exagerada, o design de produção é maravilhoso, o que torna a experiência visual incrível, e que é extremamente competente quando estamos no bairro de Gatsby, em que tudo é colorido e bonito, ou quando vamos á uma pequena cidadezinha, cinzenta e sem vida. A fotografia também ajuda em conferir esse ar de diferença entre os lugares, se quando estamos no quarto em que Nick está contando ao médico sua história, a fotografia é escura, quando vamos á tempos de Gatsby tudo é iluminado e colorido.


  Logo após dessa ''festinhas'' na casa de Gatsby, somos mergulhados em uma belíssima história de romance, e que depois é transformada em uma narrativa tensa, triste e pesada. No terceiro ato, o espectador não tira o olho da tela de tão tensa que é a história. O longa é eficaz em criar esse suspense de quem é realmente Gatsby, como ele conseguiu tudo isso. E os flashbacks contando sua história são fantásticos e inseridos de maneira orgânica, não somos obrigados á ver um longo diálogo expositivo, isso tudo é contado de maneira visual.


  Porém, o filme é extremamente beneficiado pelo seu elenco. Temos Leonardo DiCaprio fantástico no papel de Gatsby, todo esse ar de mistério e depois doçura que ronda suas expressões são muito bem conferidos por ele, o ator faz, se não a melhor, uma das melhores atuações do ano e de sua carreira. Ainda temos Tobey Maguire, que foi um ótimo Peter Parker, aqui consegue estar muito bem também, com carisma suficiente para ser um protagonista, e seus momentos de explosões são bem empolgantes. Para completar, Carrey Mulligan como sempre ótima e apaixonante.


  E eu não preciso nem dizer que a trilha sonora se encaixa perfeitamente com o tom do filme (é Oscar na certa), ''O Grande Gatsby'' é então, uma grande adaptação de um clássico literário. Conseguindo humanizar o personagem como nunca, Lurhmann consegue ser muito eficaz no comando deste filme, que me espanta por dividir a crítica nos EUA, mas ainda sim é lindo em sua narrativa, e com imagens belíssimas beneficiadas pela direção de arte e fotografia. Ainda beneficiado por um narração orgânica e muito boa, ''O Grande Gatsby'' é uma grande surpresa desse ano.

NOTA: 9-EXCELENTE

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Crítica: Agents of S.H.I.E.L.D. - Pilot (COM SPOILERS)

Criadores: Joss Whedon, Jed Whedon, Maurissa Tancharoen
Com: Clark Gregg, Brett Dalton





  ''Agents of S.H.I.E.L.D.'' é a primeira série da qual eu vou fazer críticas a cada semana. Talvez isso volte a se repetir com as segundas temporadas de ''Arrow'' e ''The Following'', mas primeiramente, vamos nos focar nessa. Trata-se de um spin-off do universo Marvel, tentando expandir ainda mais o universo bem construído ao longo dos filmes da Marvel Studios (Thor, Homem de Ferro, Os Vingadores, etc.). E é bacana ver que os roteiristas não se acanham em fazer referências e discutir coisas que aconteceram nos filmes do grupo de heróis. Temos várias citações aos Vingadores e o impacto que tiveram, e mais uma vez vemos a Extremis sendo utilizada (melhor do que em Homem de Ferro 3, por sinal). Se isso já deixa os fãs felizes da vida, ainda vão se contentar com boas sequências da ação, personagens carismáticos e bem construídos, ainda com efeitos especiais bacanas (algo em falta nas séries hoje em dia).


  O primeiro episódio é comandado por Joss Whedon, o grande diretor por trás do excelente ''Os Vingadores'', e devo o elogiar pelo seu trabalho no episódio, mas ainda sim, ressaltar seus erros. O diretor falha em algumas cenas de luta, com cortes rápidos e ângulos não muito bons. Ainda com close-ups em momentos fora de hora, e ainda se perdendo por não conseguir organizar direito seus momentos de humor, em alguns instantes chegando até a dar vergonha alheia. Mas ainda sim Whedon consegue nos cativar e criar um clima interessante, a tensão quando existente não deixa de ser contagiante, e o clima aventureiro que persegue o episódio é empolgante.


  O roteiro cria um drama interessantíssimo em cima do personagem de Mike Peterson (ou será Luke Cage ?), e criar um história de origem muito bem feita, que tem seu fim no final do episódio. O humor em alguns momentos falha profundamente, mas não deixa de ser em uma forma geral envolvente. Temos ainda a presença de Brett Dalton que faz um protagonista que pode carregar a série, nada muito incrível, mas aceitável. Porém, quem realmente rouba a cena é Clark Gregg, seus motivos para seu retorno são satisfatórios (mas apenas isso), e seu personagem rouba a cena toda hora que aparece. Criamos simpatia ao longo dos filmes com ele, e aqui temos como nosso personagem querido da série.


  ''Agents'' ainda conta com uma técnica muito boa, obviamente não tanto quanto os filmes da Marvel, pois se trata de uma série, não um blockbuster, mas ainda sim muito competentes. A fotografia consegue ser bem bonita e agradar, que deixa a desejar, porém, é a trilha sonora. Sem criar musica-tema, o compositor ainda não consegue empolgar, criando uma trilha genérica e chatinha.


  De uma maneira geral, ''Agents of Shield'' teve um primeiro episódio mais do que satisfatório para mim acompanhar a série. Para quem é fã de quadrinhos, se aprofundar no assunto e se deliciar com referências é irresistível. O piloto consegue te deixar ansioso para saber qual o rumo dos personagem, espero que a série continue assim.

NOTA: 8-MUITO BOM

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Crítica: Only God Forgives (2013)

Direção: Nicolas Winding Refn
Roteiro: Nicolas Winding Refn
Com: Ryan Gosling e Kristin Scott Thomas





  Após deixar críticos e cinéfilos loucos com ''Drive'' (2011), o cineasta Nicolas Winding Refn volta mais uma vez em sua parceria com o ator Ryan Gosling. Porém, não deixe se enganar, pois o novo longa não parece em nada com o filme anterior, e talvez esse seja o motivo de tantos críticos rejeitarem o filme. Enquanto ''Drive'' trazia uma proposta de emocionar mais, tocar mais o espectador, ser mais profundo, em ''Only God Forgives'' Refn esquece isso e nos traz uma loucura em forma de filme. Trazendo o tema de vingança como principal assunto abordado, e reduzindo a violência apenas á violência (erro que Drive não cometia), ''Apenas Deus Perdoa'' (título nacional, acredito) mantém a boa mão de Refn na direção, trazendo boa parte de sua genialidade de volta. Mas infelizmente, o roteiro consegue ser tão desinteressante que em certos momentos o longa se demonstra longo e arrastado, com a ajuda do montador nos dando a impressão de que tudo está sem conectividade, ''Only God Forgives'' pode se dizer que sim, é decepcionante.


  Mas não pense que é um filme ruim, na verdade, longe disso. Refn como diretor continua extremamente competente, utilizando mais uma vez todos os recursos de cores e iluminação de maneira genial, assim como tinha feito em ''Drive''. Além de sempre manter no silêncio um clima misterioso, tenso e interessante, além de é claro, nesse filme provar que tem talento também em dirigir cenas de luta. Porém, quando se trata de Refn roteirista, ai o assunto é outro. Além de uma história desinteressante e chatinha, o texto ainda contém situações não importantes para a trama que ajudam á quebrar ainda mais o ritmo. A violência aqui também é reduzida á nada, e somos apresentados á uma série de personagens completamente inúteis.


  Mas felizmente, temos Ryan Gosling dando mais um show. Seu personagem consegue se diferenciar do outro visto em ''Drive'', e o ator aqui encara muitíssimo bem um sujeito descontrolado, misterioso e desumano. É por isso que hoje o considero sem dúvida nenhuma, um dos melhores atores da atualidade.
Outros bons personagens são construídos (dessa vez, por mérito do roteiro), o vilão por exemplo, é interessantíssimo e carismático, e a relação de mãe e filho entre Gosling e Scott Thomas (aliás, ótima) é bem construída.


  Porém, o cineasta e seu montador falham profundamente em montar suas cenas. Tudo parece ''solto'' no filme, nada parece muito conectado, isso contribuí imensamente para o filme ficar mais cansativo, e o ritmo mais falho. Ao menos temos uma excelente fotografia, lindíssima e que contribuí á história, e sem falar da grandiosa trilha de Cliff Martinez, que já havia feito um belo trabalho em ''Drive'', aqui se destaca na cena da luta final.


  Mas como já citei, o filme não deixa de ser cansativo, chatinho e desinteressante, o que realmente faz com que ''Only God Forgives'' se salve são atuações (Gosling, em especial) e obviamente o toque de Refn. Porém, temos aqui o que acontece quando damos um roteiro medíocre á um cineasta talentoso. Torço para que Refn faça algo melhor com a qualidade de seus textos, e com isso, volte a fazer filmes melhores.


NOTA: 7-BOM



Crítica: Elysium (Elysium, 2013)

Direção: Neill Blomkamp
Roteiro: Neill Blomkamp
Com: Matt Damon, Jodie Foster, Wagner Moura, Alice Braga





  Após ser aclamado por sua ficção científica anterior, ''Distrito 9'' (que não vi, por sinal) o cineasta prodígio Neill Blomkamp retorna com mais um filme do gênero, tentando repetir o sucesso anterior, com ''Elysium''. A grande pergunta é: o diretor teve êxito mais uma vez ? Após a sessão, posso dizer com absoluta certeza de que sim, pois ''Elysium'' entra para o time de excelentes ficções científicas lançadas nesse ano de 2013, mesmo que desagrade em alguns momentos. Ainda temos a aguardada estreia de Wagner Moura em Hollywood, e para minha surpresa, que estreia! O ator brasileiro não só está excelente como o melhor no longa. Com isso fica quase impossível deixar a sala de cinema com um sorriso no rosto.


  Com poucos anos em suas costas e no início da carreira, o cineasta Neill Blomkamp demonstra seu grande talento para fazer cinema, até porque o comandante não só dirige o filme, como também escreve. O diretor sempre utilizando o recurso de câmera na mão, consegue fazer excelentes cenas de ação, e aproveitar sua técnica ao máximo. Logo no início, somos levados á um Ballet de câmeras muito bonitos percorrendo sobre Elysium, com ajuda da ótima fotografia. O roteiro escrito por ele também já vem lotado de críticas sociais (que pelo que tenho notícia, 'Distrito 9' também contia) e o melhor: ideias originais. Todo argumento de Elysium e da Terra parecer uma periferia de São Paulo é muito boa (apenar de não tão bem explorada) e todos os droides e inovações tecnológicas são diferentes de qualquer um já visto em outras ficções científicas.


  Mas a competência do diretor não para por aí, Blomkamp ainda demonstra que sabe e muito bem dirigir seus atores. Matt Damon não me surpreende, não está mal mas também não faz nada que já não tenhamos visto, assim como Alice Braga (ótima atuação brasileira). O que me chama atenção são coadjuvantes, como Jodie Foster, excelente atuação e um ótimo personagem construído pelo roteiro, o vilão de Sharlto Copley, que se figura entre os melhores do ano, e principalmente, Wagner Moura, seu personagem além de crucial para a trama, é carismático e extremamente divertido, para quem é brasileiro ainda dá um gostinho de orgulho, só espero que o ator consiga subir mais ainda em Hollywood.


  Porém, não pense que ''Elysium'' não tem aspectos técnicos competentes, tendo excelentes cenas de ação, o filme apresenta ótimos efeitos especiais, as viagens entre Elysium e a Terra são de cair o queixo de tão bonitas visualmente. Mas isso se deve também á espetacular direção de arte, criando muito bem todo o planeta devastado, e Elysium como o lugar dos sonhos. Além de todas os robôs e máquinas terem seus design original e belíssimo, destaque para os droides.


  O filme ainda conta com uma bela fotografia, falha em alguns aspectos, mas eficiente. Além de uma trilha sonora contagiante, ajudando o espectador á entrar no filme. Mas infelizmente, ''Elysium'' não apenas agrada, A meia hora inicial em certos momentos chega a cansar bastante de tão sem conteúdo e arrastada que é, apelando para constantes flashbacks apenas para aumentar a duração do longa. Porém, quando o filme realmente começa e ação dá início, o bom ritmo é recuperado.


  De uma maneira geral, ''Elysium'' é mais um triunfo para as ficções científicas de 2013, se juntando aos excelentes ''Além da Escuridão-Star Trek'', ''Círculo de Fogo'', ''O Homem de Aço'' e ''Oblivion''. Por sorte ainda temos ''Gravidade'' vindo por aí com tudo, mas a qualidade desse filme consegue nos deixar tranquilos até que esse chegue aos cinemas. Neill Blomkamp mais uma vez nos prova que tem talento para se tornar um dos grandes nomes de Hollywood.


NOTA: 8-MUITO BOM

 




 

sábado, 14 de setembro de 2013

Crítica: Rush - No Limite da Emoção (Rush, 2013)

Direção: Ron Howard
Roteiro: Peter Morgan
Com: Daniel Bhrül, Chris Hemsworth




  Ao contrário da grande parte de filmes de esporte, ''Rush - No Limite da Emoção'' felizmente, não cai em um velho problema: ser um filme apenas para os fãs de Formula 1. O mais novo longa de Ron Howard, se limita a ser um filme sobre corrida, e passa a se transformar mais numa biografia sobre a vida de dois grandes pilotos, e as dificuldades que tiveram ao longo de sua carreira. E o equilíbrio encontrado pelo cineasta entre os dois protagonistas é tão grande, que em nenhum momento temos alguém para torcer, entendemos ambos os pilotos. Por um lado, Nick Lauda é mais esforçado, passa mais tempo com sua mulher, tem mais disciplina, mas por outro, temos James Hunt divertindo mais o público, sendo mais carismático, e tentando acabar com essa rixa entre os dois. E vale lembrar, que ambos são interpretados com perfeição. O resultado ? O grande triunfo de 2013 até o momento.


  Aclamado no Festival de Toronto, ''Rush'' apresenta um belíssima fotografia, escura e quase seca, contrapondo com o excelente design de produção, recriando muito bem a época em que o filme se passa. O design dos carros também é excelente, e como se não bastasse, o filme quando necessário, apresenta ótimos efeitos especias. Para completar, temos a presença do sempre fabuloso Hans Zimmer, com sua trilha magnífica que já faz com que ''Rush'' mereça sua primeira indicação ao Oscar (outras viram).


  Não só beneficiado por seus aspectos técnicos, o filme ainda apresenta espetaculares atuações. Obviamente, se não fosse por seus atores, os protagonistas não iriam se identificar tanto com o público como identificaram, e com isso o filme estaria perdido. Mas felizmente, temos Daniel Bhrül interpretando Nick Lauda com perfeição, uma não-indicação ao Oscar seria um absurdo, o ator é fantástico em todos os momentos em que aparece. E Chris Hemsworth, que considerava um ator um pouco limitado por seu papel como Thor, aqui dá um show de atuação, não decepcionando em nada.


  Mas ''Rush'' não tem apenas qualidades técnicas e de atuações, o roteiro consegue buscar o equilíbrio perfeito entre os dois personagens principais, e as ''sub-tramas'', envolvendo os interesses amorosos dos dois personagens não são de graça, tem uma importância crucial na história, e o que é o melhor, de maneira alguma quebram o ritmo. Morgan também acerta no seu roteiro em conseguir também emocionar, em especial em seu terceiro ato, pode até conseguir tirar lágrimas de qualquer um, sendo uma grande lição de vida.


  Porém, não pense que o filme não vai deixar loucos os fãs de Formula 1, o longa apresenta uma grande fidelidade aos fatos originais e verdadeiros, além de alguns diálogos envolvendo o esporte que faz com que esse público se divirta muito. Para completar, ''Rush - No Limite da Emoção'' apresenta corridas de tirar o fôlego. São tensas, o público sempre espera que o pior aconteça, além de empolgantes e emocionantes, orquestradas sob a magistral trilha sonora.


  Contendo além de tudo, um humor para não deixar a coisa tão tensa, ''Rush'' talvez seja o exemplo de como os filmes de esporte deveriam ser, funcionando tanto para fãs, como para apenas apreciadores de um bom cinema. Pois é exatamente isso que Ron Howard nos dá: um aula de como fazer um cinema de verdade.


NOTA: 9-EXCELENTE