Crítica: O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man, 2012)

Direção: Marc Webb
Roteiro: James Vanderbilt
Com: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans





  ''Homem-Aranha'', aquele lançado em 2002, é um filme que tenho carinho por ser daqueles que ''marcaram'' a minha infância. Hoje, analisando mais criticamente, vejo claramente que o filme não é essa maravilha toda, mas sim, é um ótimo trabalho de Sam Raimi com Tobey Maguire. O segundo filme, que veio dois anos depois, surgiu como uma surpresa inesperada: além de ser a melhor adaptação da Marvel até hoje, é um longa excepcional que se dividi perfeitamente entre o drama profundo e a ação extremamente bem calibrada. A decepção, porém, veio em 2007 em ''Homem-Aranha 3'', um belo exemplo de quando um filme quer efeitos especiais engenhosos, mas que joga o roteiro no lixo e faz uma história que chega a ser engraçada de tão boba. Quando fomos noticiados de que um reboot seria feito, é fato que ficaram todos com um pé pra trás, visto que em apenas 10 anos duas franquias do mesmo personagem serem lançados claramente tinha um apelo comercial. Porém, Marc Webb prova que também sabe fazer filmes de ação após sua obra-prima ''(500) Dias com Ela'', pois em ''O Espetacular Homem-Aranha'', Peter Parker ganha mais uma bela adaptação para os cinemas, e uma franquia que, após este ótimo filme, se revela promissora principalmente para os fãs de quadrinhos.


  Digo, ''para os fãs de quadrinhos'', pois estes ganham um gostinho especial quando enxergam certos detalhes que Vanderbilt insere no roteiro: é interessante ver Peter um adolescente mais brincalhão, fazendo piada no meio da ação, sem amigos, é um personagem realmente bem divertido que se relaciona facilmente com o público. Outro ponto é Gwen Stacy sendo a primeira namorada do herói, e outra personagem bem carismática. Assim como a própria fotografia, adotando uma paleta mais clara e colorida do que dos filmes anteriores, lembrando assim muito mais os comic-books. Já aproveitando a ponte, o design de produção é igualmente ótimo na adaptação, e o figurino é também muito bom. O traje do Aranha neste filme é, sem dúvida, o mais belo de todos os filmes, desta vez se distanciando um pouco das HQs e trazendo algo novo, e nunca visto pelos fãs. O design do Lagarto porém, é falho, em que ao invés de seguir sendo um ''jacaré gigante'', prefere adaptar o vilão das HQs da década de 60, cujas artes já estão um pouco datadas, e com isso o antagonista fica um tanto estranho.


                                                



  E com isso, já posso me antecipar de uma falha do roteiro: o vilão Lagarto se saia interessante como Curt Connors e com suas primeiras transformações como um monstro, porém, no ato final, seu plano se revela bobo e com a mesma criatividade de um garoto de 5 anos, e é meio difícil de engolir ver um réptil do tamanho de um humano misturando substâncias químicas. Aliás, o roteiro acerta em transformar a origem do Homem-Aranha em algo completamente natural, em etapas, e um processo demorado, muito melhor do que no filme de 2002. Porém, o filme se empalidece no terceiro ato, em que temos ação contínua, mas é o momento mais atrapalhado do filme, não chegando nem aos pés do climax contra o Duende Verde no filme de Sam Raimi.


  Apesar de que, na maioria das cenas de ação, Marc Webb realiza um bom trabalho. A sequência no colégio é ótima (em que temos inclusive, a melhor participação de Stan Lee em todos os filmes) e a luta no esgoto também empolga. Mas ''O Espetacular Homem-Aranha'' acerta justamente em trazer um personagem sensacional, em que qualquer um pode ser um herói. As cenas em que temos o jovem tomando decisões e sobre os efeitos da picada, são justamente as cenas que fazem o filme brilhar. Por isso, Andrew Garfield foi excelente ao trazer a melhor atuação de Parker até agora, e Emma Stone, apaixonante como nunca.


  Mesmo cometendo ainda outros deslizes no roteiro, com furos e soluções rápidas, ''The Amazing Spider-Man'' é sim um ótimo filme que faz jus ao personagem. Eu, como fã, é obvio que apreciei cada momento do longa, e mal posso esperar para a aguardada sequência. Se temi que esse filme fosse um apelo puramente comercial, hoje mordo minha língua e me torno um defensor de um filme que, para alguns, é mal incompreendido.


NOTA: 8,0