sábado, 8 de março de 2014

Crítica: Ela (Her, 2013)

Direção: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze
Com: Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams, Chris Pratt





  Quem já viu, pelo menos, ''Quero Ser John Malkovich'', sabe que ao assistirmos a um filme de Spike Jonze a última coisa que iremos ver é falta de originalidade, clichês e um ambiente sem inventividade. O diretor/roteirista cria em seus filmes mundos maravilhosos, originais, novos, e ainda, lotados de personagens interessantes, sensíveis e fácil de nos identificarmos. ''Ela'' talvez não seja seu melhor trabalho, mas é, sem dúvida, um triunfo belíssimo para a filmografia do artista.


  Indicado a 5 Oscars (e vencedor de um, Roteiro Original, obviamente por sua inventividade já brevemente citada no texto), ''Her'' é de uma bela fotografia, ajudando a compor um ambiente mais moderno, com planos as vezes estáticos, mas ainda em alguns momentos um câmera tremida, quando acompanhamos Theodore (Phoenix) em alguns momentos marcantes, ou em alguns flashbacks. Aliás, apesar de exagerar, o diretor acerta ao trazer várias cenas em que vemos memórias de Theodore, em que não ouvimos os sons dos personagens ou do ambiente, mas apenas da trilha sonora ou de algum narrador. A fotografia apresenta uma paleta colorida, clara, basicamente nunca cinzenta ou sombria, em outro bom acerto do filme.


  O ambiente em que se passa ''Her'' é fantástico. O filme nunca nos diz o ano, o que deixa ainda mais interessante, pois mesmo com um baixo orçamento, o longa consegue nos transportar para um mundo completamente verossímel, em um visual que mescla modernismo com um estilo ''retrô''. Ao fundo dos personagens somos cercados de cores vivas (vermelho, amarelo, azul), o que deixa o filme, além de tudo, visualmente interessante.


  E o roteiro, vencedor do Oscar, é sim um dos melhores do ano. Além de (novamente) nos transportar para um mundo interessante, tem diálogos maravilhosos, em alguns momentos quase poéticos, e personagens interessantíssimos (Jonze acerta ao colocar como protagonista, uma figura que após divórcio se tornou completamente anti-social e sem muita razão para viver). Samantha é genial, engraçada, e o fato de ser um O.S. (Sistema Operacional), já a torna em uma figura nova e bem interessante.


  Aliás, os atores dão vida a esses personagens de maneira genial, é incrível, por exemplo, a maneira que Joaquim Phoenix viveu um personagem repugnante ano retrasado (em O Mestre, naquela atuação absolutamente brilhante em um filme excelente, ainda a melhor de sua carreira) e aqui em ''Ela'' compõe um homem com uma sensibilidade absurda, em uma performance genial. E Johansson, desprovida do corpo, faz sem dúvida alguma a melhor atuação da sua carreira, dando apenas com sua voz uma excelente personalidade a Samantha.


  ''Ela'' é um dos melhores filmes de romances dos últimos anos, e o melhor produzido em 2013 (junto com Azul é a Cor Mais Quente, que aliás, é interessante notar que ambos os filmes não trazem um casal de homem de mulher). Spike Jonze proporciona ao público neste filme sua belíssima visão do amor.


NOTA: 9,0

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