segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Crítica: Faroeste Caboclo (2013)

Direção: René Sampaio
Roteiro: Victor Atherino, Marcos Bernstein
Com: Fabrício Boliveira, Ísis Valverde, Felipe Abib





  Hoje em dia, tudo é adaptado para o cinema. Livros, contos, games, e...canções. Nem mesmo as músicas fogem de produções muitas vezes com um apuro simplesmente comercial, com o objetivo de vender um filme que é uma bobagem e uma perda de tempo. Por isso, é muito bom e prazeroso ver que a canção de Legião Urbana foi tão bem adaptada, e o melhor, pelo próprio cinema brasileiro, apresentando, um de seus melhores trabalhos no ano de 2013.


  O fator talvez mais interessante, seja o fato de que o diretor, René Sampaio, seja estreante em longas metragens e demonstre tamanho talento para um filme de responsabilidade absurda. O cineasta faz planos inteligentes, bonitos visualmente. Até mesmo quando faz o uso de uma câmera subjetiva, assumindo o papel de um balde que, após virar completamente, descobrimos que foram passados alguns anos, desde já vemos que o diretor não perde tempo com bobagem. Igualmente ótima, está a montagem, inserindo bem os flashbacks, e as lembranças que o protagonista tem ao longo do filme, sem ser de uma forma genérica, sempre orgânica e nos dando um tom de diferença e urgência, ou até raiva.


  O roteiro consegue se virar bem com a canção, fazendo mudanças necessárias, e ao mesmo tempo sem perder a essência. O texto trabalha muito bem os personagens principais, que vivem em uma atmosfera de tristeza e que, quando se encontram, vêem um pouco de alegria e esperança. Isso com a ajuda da fotografia, sem cor e escura quando os personagens estão sozinhos, e mais viva quando estão juntos. Assim como a direção de arte, criando muito bem o sertão e o barraco onde vive João, e a ambientação de rock e drogas que está ao redor de Maria Lúcia.


  Fabrício Boliveira faz uma composição excelente de João, mesmo com toda sua raiva e algumas atitudes covardes, conseguindo surpreendentemente aspirar um pouco e encanto e bondade. Assim como Ísis Valverde, com sua personagem completamente triste no primeiro ato, que se recupera no segundo e que cada vez mais vai se devastando completamente. Outro que surpreende é Felipe Abib com seu vilão Jeremias, mesmo que seu personagem as vezes soe um pouco forçado.


  Sem contar a trilha sonora, muitas vezes composta por músicas do próprio Legião Urbana, que no som alto de uma boa sala de cinema (meu caso) fica incrível e empolgante, bom para qualquer um.


  ''Faroeste Caboclo'' consegue ser, então, um filme bem eficiente, surgindo como uma chama de esperança para um ótimo cinema nacional, e ainda nos proporcionando o surgimento de um novo e promissor cineasta, assim se junta com os ótimos ''A Busca'' e ''Serra Pelada'' como as melhores produções nacionais do ano (me perdoem se não vi O Som ao Redor). Um filme para fazer qualquer um se emocionar, porém, em especial, os brasileiros.

NOTA: 8,0

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